O seu filho tem medo? E agora, o que fazer?
O medo é um sentimento comum a todos nós, ele é útil para a nossa sobrevivência e a preservação da nossa integridade. O medo pode nos proteger em muitas situações, como para escapar de uma situação de perigo, produzindo respostas orgânicas de alerta, luta/fuga, aceleração dos batimentos cardíacos e reações de correr tão rapidamente que nem sabíamos que éramos capazes de atingir tal velocidade!
Assim como o medo pode exercer funções extremamente importantes nas nossas vidas, pode também nos impedir de nos engajar naquilo que desejamos, nos fazendo desistir de nossos objetivos e aspirações.
Os medos podem aparecer em crianças das mais diversas idades, das pequeninas até as maiores e a depender do momento do processo de desenvolvimento, formas diferentes de manifestação são observadas. Nas menores, os medos mais comuns são de situações ou seres imaginários, como fantasmas, zumbis e bichos malvados, assim como de personagens de lendas e histórias, como o homem do saco, anabele, loira do banheiro, palhaços. Já nas maiores, os medos são mais voltados às situações reais como ser esquecido em algum lugar, se perder dos pais ou ficar sozinho sem eles, medo de ladrão ou violência, de ir mal na prova, dos pais brigarem com ele, não fazer amigos, de dormir sozinho ou de escuro, entre outros.
Muitas vezes ficamos sem saber o que fazer quando as crianças demostram ou falam dos seus medos e a tendência é darmos mais atenção quando os medos são entendidos por nós, adultos, como justificáveis ou que fazem algum sentido. Quando achamos que são medos “de criança” e o consideramos sem importância, dizemos: “Que bobagem, isso não existe, não ligue para isso!”. No final das contas não damos muita importância, mudamos de assunto e não conversamos com elas sobre isso. Vocês devem estar pensando: “hummm, e qual o problema? Medos são só coisa de criança!”. Pois a notícia é: se nós não cuidarmos disso e as ajudarmos, podem se transformar em grandes monstros na vida delas e se constituir como um empecilho para seguirem em frente.
Ao longo do tempo vemos essas crianças se negando a participar de atividades que gostam porque o medo é tão grande e insuportável, que preferem evitar se expor àquela situação que poderá gerar o medo, mesmo que seja algo muito prazeroso para ela. Começam a evitar tudo o que está de alguma maneira relacionado à situação geradora do medo. Por exemplo: não vou à casa do meu melhor amigo porque lá tem cachorro; não vou mais brincar no playground porque tenho que pegar o elevador; não vou ao cinema com a turma da escola porque lá podem ter muitas outras crianças que eu não conheço; não quero viajar para aquele parque que tenho a maior vontade porque tem que ir de avião; não vou à festa do pijama da minha amiga porque eu tenho medo de dormir sozinha. Se você identificou que o seu filho está passando por um processo de evitação para experimentar coisas das quais deseja e gosta, esteja atento. Os medos podem estar começando a tomar conta dela e a privando de viver.
O que fazer e o que não fazer?
Ouça a sua criança com atençãoe permita que ela expresse suas sensações, se coloque disponível para ajudá-la e não lide com os medos como se fossem bobagem. Isso pode fazê-las sentirem-se incompreendidas, sozinhas, com vergonha, ridicularizadas e inadequadas por acharem que não deveriam estar sentindo esses medos. Somente aumentamos o problema.
Uma maneira que pode dar certo é fazer auto revelações, quer dizer, conte ao seu filho de medos que você também teve na infância e de como se sentia com isso. Elas sentem-se ouvidas e plenamente compreendidas, produzindo uma relação de confiança que a motiva a ir em frente.
Incentive o seu filho a encarar os medos. Se coloque ao lado dele nesta caminhada e diga que você pode ajudar a superar esse medo que ele quer vencer também. Lembre-se que a conquista da superação de um medo é gradual e deve ser feita de pouquinho em pouquinho. Se imaginarmos que o medo é o elevador e ele está deixando de se divertir e brincar com os amigos no parque do prédio, que tal propormos pegar o elevador junto com ele primeiro, depois ele subir um andar baixo sozinho e irmos aumentando aos poucos de acordo com as suas conquistas? Podemos dizer a elas que ir com medo mesmo pode valer a pena, já que passar uma tarde de brincadeiras será um resultado muito legal e divertido. Com o tempo, uma pitada de coragem e outra de apoio, o medo vai ficando cada vez menor. Pode ser leve, divertido e efetivo.
Reserve um momento no dia, caso a sua criança solicite, para vocês conversarem sobre os medos. Depois que vocês conversarem, combinem que vocês irão fazer outras coisas, que ela vai brincar ou que vocês farão algo legal juntos.Essa é uma forma de proporcionar o apoio que ela precisa e ao mesmo tempo dar a chance para que ela possa vivenciar novas experiências!
As crianças precisam sentir que podem contar com os pais e com as pessoas que ela confia e ela estará muito mais fortalecida para poder encarar esses medos.
Caso a sua criança tenha um medo muito excessivo, apresentado preocupações muito grandes sobre as coisas e que você tem percebido que os medos têm a paralisado e a deixado isolada, além de apresentar alguma mudança de comportamento importante, procure ajuda profissional.
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