Você pode ser pai, padrasto, padrinho, avô ou simplesmente filho, mas com certeza tem alguma história com a paternidade. Paternidade não se refere somente à experiência de ser pai mas abrange toda e qualquer maneira de estar no mundo que o faça sentir-se pai.
Quem não lembra da canção de Nando Reis que nos conta sobre a experiência de ser pai ?
Vai aí um pedacinho da música Espatódea, que o cantor fez para a sua filha, Zoé:
“Não sei o quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor deste que você chegou
E explicou
O mundo pra mim
Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoé”
O cantor expressa o quanto a sua vida ficou melhor depois da chegada da sua filha e que ela é a razão da sua vida. Muitos pais compartilham dessas mesmas sensações e o que veremos nas próximas linhas é uma análise sobre as relações de paternidade na atualidade, além de sugestões para os pais para criar laços de confiança com seus filhos.
A impressão que eu tenho é que esta oportunidade de assumir todas as responsabilidades da paternidade foi retirada da nossa sociedade por muito tempo. Todos os bônus e ônus foram deixados para a maternidade. Atualmente, após tantas transformações nos papéis sociais de homens e mulheres, o preço ficou muito alto para se pagar, tanto para os pais como para as mães. Em outras palavras, ambos precisam assumir as responsabilidades na educação dos filhos e, ao mesmo tempo, aproveitar os momentos preciosos que podem vivenciar com eles. Os pais estão correndo atrás desse prejuízo histórico. O mundo está mudando e a paternidade também.
No dia a dia do consultório me deparo com famílias o tempo inteiro e tenho observado o quanto as coisas vêm mudando. Pais estão cada vez mais presentes (de presença física) na sala de atendimento para pais e bem mais presentes (de presença participativa) no cotidiano e na demanda dos seus filhos. Muitos fatores podem estar envolvidos nisso mas uma idéia é que o mundo está valorizando um bom pai e eles estão mais conectados com aquilo que realmente vale a pena nas suas vidas. Decerto que temos mais informações sobre a importância da participação da paternidade na vida dos filhos e esse também pode ser um fator importante nessa mudança de perspectiva.
O fato é que não estamos mais necessariamente reproduzindo o pai que tivemos nas nossas famílias mas estamos assumindo o pai que queremos ser agora. Vejo esse movimento acontecendo nas paternidades que acompanho com a busca de ajuda deles para serem os pais que gostariam, que valorizam, que desejam para seus filhos. É um movimento de busca de transformação e de plenitude para se conectar com o seu jeito de ser pai. Ser o pai que gostariam de ser e de ter tido é um desses valores que os norteiam nesta caminhada. A mudança de perspectiva não é só para os filhos, mas é para eles também. Conecte-se com o pai que gostaria de ser para o seu filho e caminhe nesta direção!
Que tal pensarmos agora em formas de interação entre pais e filhos que podem ajudar a desenvolvermos relações saudáveis? Vamos lá:
1) Participe da vida de seu filho.
Pergunte a ele sobre o dia dele e, o mais importante, conte sobre o seu! Compartilhar as suas próprias experiências com os filhos pode ser uma maneira super interessante de se conectar com eles. Aí vale contar histórias de quando você era criança e como passou por situações muito parecidas com as dele. Isso aproxima e torna a relação muito mais leve!
2) Valorize os sentimentos do seu filho e ajude-o a pensar em outras possibilidades de ação.
Quando o seu filho te contar sobre como ficou magoado com um amigo, por exemplo, não diga que é uma bobagem ou exagero. Às vezes fazemos isso com a intenção de ajudá-lo mas estamos passando a mensagem de que aquilo que ele está sentindo está errado. Nestas horas o melhor é apoiar, mostrar que está compreendendo o seu sentimento e se colocar disponível para ajudar. Permita que ele conte a situação e que ele expresse suas emoções. A partir daí podemos pensar junto com ele em como agir diante do problema.
3) Respeite o jeito de ser do seu filho.
O jeito de agir, pensar e sentir do seu filho pode ser diferente do seu. Se você, pai, tende a reagir diante de um conflito “descontando” no outro, o seu filho pode encontrar o seu próprio jeito de resolver a situação. Ele pode, por exemplo, escolher simplesmente se afastar do outro. Não há problemas nisso. São somente formas diferentes de estar no mundo. O filho poderá se sentir muito mais à vontade com o pai quando há esse respeito entre eles.
4) Oriente e acompanhe.
Os filhos têm muito mais chances de atender às instruções e orientações do pai quando estão conectados a ele. Se eles sentem que são ouvidos e respeitados, a confiança aumenta e os diálogos são muito mais leves! As regras em casa e as instruções sobre as situações de vida deles podem ser muito bem aceitas e são ouvidas naturalmente. Mostre que está realmente preocupado com ele, o oriente e acompanhe os desdobramentos da situação.
5) Faça uma surpresa!
Que tal pegar uma folguinha no trabalho e fazer uma surpresa para o seu filho? Pense em algo que vocês curtem fazer juntos e vá em frente!
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