Por Marione Campos, neuropsicóloga da nossa equipe
Frequentemente, o próprio pediatra ou os professores que acompanham a criança sinalizam quando há a necessidade de que a mesma seja acompanhada por um neuropsicólogo.
Entretanto, sabemos que nossas crianças tendem a se comportar de acordo os espaços nos quais estão inseridas (ex.: escola, consultório, parque etc.), o que nos revela uma certa variação comportamental em diferentes ambientes. Por conta disso, ter um olhar apurado também em casa pode potencializar a constatação de sinais importantes, que às vezes passam por despercebidos em outros espaços, podendo influenciar diretamente no neurodesenvolvimento de nossas crianças.
Sinais como esquecimentos frequentes, aparência de estar “no mundo da lua”, dificuldade em se relacionar com os coleguinhas, explosões de raiva frequentes e desproporcionais às situações, dificuldade de autorregulação frente a frustrações, atraso na aprendizagem e etc., podem ser observados nos diferentes momentos com a criança, seja por pediatras ou professores e, essencialmente, por familiares.
Observar esses sinais de maneira precoce permite que, com a ajuda de um neuropsicólogo, se elabore intervenções que visem diminuir impactos de prejuízos cognitivos e transtornos do neurodesenvolvimento, de modo a construir um melhor prognóstico, com menor possibilidade de comorbidades ou complicações.
DICAS:
1.Observe o comportamento de seu filho: As dificuldades cognitivas e emocionais de nossas crianças se expressam mais pelos comportamentos que pela fala. Portanto, observe as alterações comportamentais que seu filho apresenta, estas, podem ser passageiras e situacionais ou, podem revelar déficits cognitivos e alterações neurológicas ainda não constatadas.
2. Mas, quando essas alterações comportamentais surgem? Varia de acordo as características da criança e suas dificuldades cognitivas. É comum que o comportamento da criança mude quando esta se depara com demandas acadêmicas e sociais que ultrapassam seus recursos cognitivos e emocionais. Por exemplo, o déficit atencional geralmente é melhor identificado no período de inserção no Ensino Fundamental I, quando as crianças começam a apresentar notável distração frente às atividades que demandam maior tempo de concentração e raciocínio mais complexo.
3. Como saber que o comportamento do meu filho destoa do que é esperado? Uma boa estratégia é usar como parâmetro o comportamento de crianças com características similares (ex.: gênero, faixa etária, escolaridade e perfil socioeconômico). Mas, cuidado para não comparar seu filho o tempo inteiro e com crianças específicas. O interessante é usar grupos de crianças como parâmetro e, somente quando se fizer necessário. Em caso de dúvidas, é melhor procurar um especialista na área.
4. Converse com seu filho: Antes de procurar um profissional, converse com seu filho. Tente compreender como ele percebe as dificuldades ou alterações comportamentais que vem apresentando e, o mais importante, tente compreender como ele se sente em relação a isso. Este é passo mais importante para compreender a situação e engajar-se junto com seu filho em estratégias para identificar e intervir sobre essas dificuldades. Seja parceiro(a) do seu filho.
5. Converse com os professores de seu filho: Nada melhor do que a opinião de quem convive com seu filho diariamente. Troque ideias com o professor para compreender o comportamento de seu filho em sua totalidade, nos diferentes espaços que ele frequenta.
6. Avalie a necessidade de buscar a opinião de um profissional da área: Quando se trata de oferecer o melhor para nossas crianças, toda informação é muito bem-vinda. Por isso, caso você ainda tenha dúvida sobre algum comportamento ou dificuldade, ou ainda, caso tenha entendido que seu filho está enfrentando dificuldades desproporcionais às comumente enfrentadas em sua faixa etária, a melhor opção é procurar um especialista na área e esclarecer tudo.
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